Pode ser coisa da minha cabeça, mas vejam só: primeiro, sai o Asus eee no mercado, atraindo as atenções de todo mundo (inclusive a minha… quero um 🙂 ). Daí saem um monte de análises sobre ele… uma belíssima máquina, vai preencher bem um nicho de mercado que estava sendo pouco explorado, coisa e tal. Beleza. Daí que um dos itens comentados sobre o equipamento é o bom uso que ele faz do Linux; um Linux bem adaptado, configurado, que roda rápido e de forma bem responsiva (link para análise do ArsTechnica). Nota para o detalhe de que a máquina aceita Windows XP, sim, mas pelos comentários da ArsTechnica, os consumidores devem continuar usando o Linux mesmo no aparelho, porque está rodando muito bem, obrigado. E então comentam da ausência da Microsoft no mercado de dispositivos móveis recentemente, como a Intel têm investido em Linux para dispositivos móveis, como a ARM também tem feito o mesmo, e como no ano que vem vários produtos com Linux embarcado estarão chegando no mercado. Resumindo, a indústria de hardware está se movendo com muita força na direção do mercado de dispositivos móveis (nenhuma novidade até aqui; esta tem sido a tendência dos últimos anos), e como todo hardware precisa de software para torná-lo útil, a escolha da indústria para SO tem sido, realmente o Linux (também, sem grandes novidades aqui).
Hmmm… no fim, a indústria de hardware, pelo menos de dispositivos móveis, está extremamente interessada em usar Linux.
Daí eu vejo esta outra notícia, sem relação como a primeira: tecnologia de fast-boot na BIOS para máquinas Windows. Cansado de esperar por vários minutos pelo boot do seu Windows? A Phoenix promete, através do uso de sua plataforma Hyperspace, que você vai poder rodar os aplicativos mais comuns rapidamente logo após ligar seu computador, sem precisar esperar pelo boot do SO inteiro. E o que isto tem a ver? Até onde consegui ler, este Hyperspace não tem nada a ver com Linux ou software livre. O que me chamou atenção foi esta parte da matéria:
Those problems don’t just entail slow boot times. At a basic level, they also have to do with Microsoft dictating user experience as a whole, regardless of what machine you’re using. In that vein, Phoenix says its HyperSpace platform could very well usher in a new era of ultrapersonalized PCs and laptops, even upending the way the industry does business.
“Historically, Windows has defined the machine,” Hobbs says, “and (manufacturers) can’t really do anything about that. Now, we’re giving them the ability to develop the machine in the way they want.”
Dá pra perceber o tom deste comentários: a indústria de hardware comentando que até então, o Windows definia a máquina, e o que os fabricantes podiam fazer com elas. E que eles, os fabricantes, querem sair de baixo desta influência.
Bom, dá para interpretar este último artigo de várias formas; novos rumos para a indústria de hardware para PCs, novos usos para BIOS de máquinas, o fato da Phoenix não estar (ou estar?) aproveitando o software livre para esta sua nova plataforma Hyperspace, e daí por diante. O que me chamou atenção nestas duas notícias aparentemente sem correlação – as análises do Asus eee e esta do sistema Hyperwave para BIOS – é o fato da indústria de dispositivos móveis estar pendendo com força para o lado do software livre, a ausência aparente de novas estratégias da Microsoft para este mercado, e este último comentário de fabricantes de PC querendo sair de baixo da influência dominadora da Microsoft (tá, o “dominadora” fui eu quem disse, mas o resto foi a Phoenix). As idéias combinam umas com as outras, ou é coisa da minha cabeça?
Bom, mesmo que seja: o fato é que pelo visto o Linux está entrando com os dois pés neste mercado de dispositivos pequenos e móveis, e por vantagens técnicas. O mesmo não tem ocorrido tanto com o mercado de desktops, mas será que um mercado pode influenciar o outro? Me lembro de 2004, quando todo mundo falava que “2005 será o ano do Linux no desktop”, e no fim das contas esta previsão não se concretizou – o Linux realmente continuou avançando no desktop, mas não no ritmo esperado/desejado pela indústria ligada ao mesmo ou pela comunidade. Enfim… como se fosse um dèja-vu, começo a ver notícias dizendo que “2008 será o ano do Linux no desktop”. Bom, se desta vez vai ou não vai, não sei dizer – pode ser que o ritmo de adoção continue lento, ou pode ser que eu me surpreenda. Espero. Mas, certamente, será o ano em que o Linux irá se tornar sim muito mais presente do que antes, mesmo para os usuários mais comuns, se não for através de seus desktops, será por uma invasão silenciosa em dispositivos que os usuários pouco costumam associar ao pingüim.
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