Vocês já viram uma tela de um sistema de mainframe em modo caracter? É uma coisa mais ou menos assim:
Sistemas deste tipo são relíquias dos tempos dos mainframes, do tempo em que o ambiente de informática de uma empresa não era feito de uma estação na mesa de cada funcionário e alguns servidores em uma sala especial, mas de apenas um computador na empresa (o mainframe) e de alguns terminais nas mesas dos funcionários, que não eram computadores de verdade, mas apenas um monitor e um teclado conectados remotamente ao computador “de verdade”. Também eram chamados de “terminais burros” exatamente pelo motivo de não terem uma CPU, sendo apenas extensões do mainframe.
Apesar de não se usar mais terminais burros por aí (pelo menos não que eu tenha notícia), sistemas como este ainda existem e são usados, principalmente em empresas grandes e/ou antigas, bancos, e outras. Hoje em dia há alternativas como por exemplo sistemas web que são meras “cascas” para estes sistemas, mas também ainda há situações em que o usuário ainda acessa o sistema em modo texto mesmo. Para isso, se usam programas chamados “emuladores de terminal”, que interpretam o protocolo de comunicação do sistema como se fossem um dos antigos “terminais burros”, dando ao usuário moderno pelo menos um mínimo de comodidade: acessar um sistema legado em modo texto, mas de dentro de uma janela rodando na sua estação moderna.
Bom, passada esta introdução, contarei mais uma historinha de atendimento a usuário. No século passado, em fins da década de 90, eu trabalhava em um lugar onde os usuários acessavam sistemas desse tipo. As estações dos usuários rodavam Windows 98 ou 95. Se bem me lembro, o emulador de terminal usado era chamado EXTRA!, da Attachmate.
Pouco tempo antes haviam sido instalados alguns scanners nas estações de alguns usuários, junto com o software que vem de brinde, um programa de OCR básico. Uma usuária me telefonou perguntando se tinha como scanear um documento para ser enviado pelo e-mail. Eu perguntei pelo telefone se ela queria scanear o documento como uma imagem e enviá-lo como tal, ou se ela queria colar na mensagem o texto que estava no documento (perguntei isto para ver se ela iria querer usar o OCR ou não). Era a segunda opção. Como ia ser bem complicado ensiná-la a usar o programa de OCR pelo telefone, pois ela nunca tinha usado, achei melhor ir lá em pessoa. Além do que eu mesmo ainda não tinha mexido no tal programa, e poderia levar um tempo achando a melhor configuração, redigitando alguma palavra que não foi corretamente reconhecida… enfim.
Chegando lá, ela me passou uma folha de papel: uma impressão de uma tela dos sistemas de mainframe, acessados pelo emulador de terminal. Ela tinha feito uma consulta em um dos sistemas legados, imprimiu a tela do terminal com as informações da consulta, e queria scanear aquela impressão, passar pelo OCR, e por fim enviar o texto da consulta pelo e-mail.
Eu pedi para ela consultar o sistema novamente, selecionei a tela do mesmo, cliquei em copiar, abri o programa de e-mail e colei o texto. Mais um usuário satisfeito.