Bateu no chão com força, caindo de costas, o impacto da cabeça doendo muito. Ainda sangrava pela boca por causa dos murros.
Os homens ao redor riam. O homem caído abria os olhos devagar, ainda sentindo o gosto de sangue. Bem na frente dele e de pé, encarando-o, estava Touro-Martelo, com as mãos na cintura, esperando em desafio.
Guardador se levantou devagar, encarando Touro-Martelo. Ao levantar a cabeça parou um momento para segurar a mesma; passou a mão pela nuca, sentindo o sangue no cabelo. Respirou fundo antes de continuar, pois a dor era mais forte do que pensava. Encarou Touro mais uma vez, que continuava na mesma posição. Vários homens continuavam rindo alto, alguns falando palavras para Touro-Martelo, outros para Guardador, incentivando a briga e querendo ver mais.
Encarou ele só por mais um instante, enquanto respirava antes de se levantar. Levantou-se e olhou para Touro novamente; então pediu sua mercadoria de volta.
– Pegue sua mercadoria e suma. Ninguém quer nada seu aqui – falou Touro-Martelo, ao som de gritos e vaias.
Guardador se aproximou de uma pequena carroça atrás de Touro-Martelo. Tinha algumas peles curtidas de ovelha, mais outras que estavam espalhadas pelo chão. Ajuntou as peles caídas e as colocou na carroça. Touro-Martelo estava logo atrás dele, na mesma posição desafiadora com as mãos na cintura. Alguns homens ainda gritavam e xingavam, mas vários já estavam saindo, vendo que não haveria mais espetáculo.
– E não tente vender isso para Protegido, ou pra ninguém no mercado leste. Ninguém vai aceitar de você. – falou Touro.
Em silêncio Guardador terminou de empilhar suas peles de ovelha na carroça, e começou a puxá-la para fora da área do mercado. Não olhou mais para Touro nem para ninguém mais da multidão ao redor.
Tomou o caminho que saía do mercado e seguiu para a saída mais próxima da cidade. As ruas estavam bem movimentadas, em sua maioria com pessoas indo e vindo do mercado. Várias carroças passaram levando todo tipo de mercadorias. De vez em quando alguém olhava para ele enquanto passava; primeiro pensou que eram outros iguais a Touro-Martelo, querendo deixar claro que sua presença não era mais bem vinda na cidade, e que iriam começar uma briga. Depois se deu conta de que estavam olhando para seu rosto por ainda estar sujo de sangue. Foi limpando a boca com a beirada da roupa, enquanto continuava puxando a pequena carroça.
Passou pelos arcos de pedra que marcavam aquela entrada da cidade. Continuou seguindo pela estrada pavimentada. Um pouco mais adiante ouviu uma voz atrás dele.
– Ei, quer trocar essas peles de ovelha?
Parou e olhou para trás; era um mercador com uma carroça parecida com a sua, puxada por um burro. Haviam cestas com ovos, frutas, vegetais diversos, vários rolos amarrados de tecidos e couros, e mais uma caixa que devia ter peças de metal para artífices.
– Eu não sou bem-vindo nos mercados daqui – respondeu Guardador.
– Não estamos nos mercados, e aqui já é fora da cidade. Ninguém tem nada com isso. Quer trocar ou não?
Guardador respirou fundo, deixou a carroça pousar no chão. Melhor ter alguma troca do que troca nenhuma, pensou. Começou a negociar com o mercador. Ele queria trocar todas as peles de Guardador por mercadorias diversas que trazia, incluindo vários alimentos que Guardador tinha a intenção de obter, mas o valor da troca era bem abaixo do que as peles valiam. Guardador reclamou mais de uma vez mas o homem insistia nas trocas.
– Essa troca é um roubo. Se quer me roubar, porque não faz isso logo? – perguntou Guardador já muito irritado.
O mercador apenas sorriu. – Se eu quisesse roubar você, eu esperava até você estar mais longe da cidade. Estou propondo uma troca.
– Mas essa troca é o mesmo que roubar uma pessoa!
– Você não pode fazer trocas nos mercados e as pessoas dessa cidade não querem fazer trocas com você. Você vai fazer o que com as peles, então? Troque pelas mercadorias que tenho, é melhor do que nada. Ou você vai viajar até outra cidade a pé até achar um mercado que aceite você?
– Ainda assim, é um roubo – grunhiu Guardador.
O mercador colocou as mãos na cintura, e isso fez Guardador lembrar de Touro-Martelo, embora o mercador não parecesse querer começar uma luta. Mas falou: – A troca é essa. Quer ou não quer? Prefere ficar com suas peles sem trocar com ninguém?
Guardador não tinha muita opção. Por fim aceitou os termos da troca. O mercador saiu feliz com sua troca vantajosa; provavelmente iria direto para um dos mercados da cidade trocar as peles pelo valor real delas, pensou Guardador. Mas não pôde fazer nada além de olhar o outro ir embora e se amargurar com esse pensamento.
Começou o caminho de volta. Seguiu só pela estrada de pedra puxando a pequena carroça por algumas horas, até atingir um ponto onde a pavimentação acabava e outras trilhas de terra começavam. O sol já tinha passado da metade do céu quando chegou em casa, um terreno de pastos e colinas com uma casa construída de pedra e madeira.
Parou à entrada da casa, soltou a carroça e sentou-se num tronco encostado à parede da casa, sempre usado como banco. Resfolegou um pouco. Depois entrou em casa para tomar água. Logo depois uma mulher entra pela porta, esbaforida pelo sol forte e pelo trabalho, e também foi direto para o pote de água.
– Não quiseram trocar muito pelas peles, né? – perguntou a mulher.
Guardador respirou fundo. Ia começar a responder mas a mulher falou antes. – Esqueça deles. Vamos fazer o que podemos com o que temos. Ei, o que foi isso na sua boca?
Começou a examinar a ferida de Guardador, que respondeu: – Briga no mercado. Não acho que vão querer me ver de novo lá, Sopro do Céu.
A mulher limpou a ferida dele com um pedaço de pano molhado na água, examinou o resultado, depois fez um olhar encorajador para ele e um sorriso nem tanto. Mas tocou o rosto dele com carinho. Guardador segurou a mão dela mas olhou pra baixo, desanimado.
– Temos outras coisas. A colheita de milho foi boa este ano, deve sobrar até a próxima safra. – falou Sopro do Céu.
Guardador deu um sorriso amarelo, quase imperceptível. – Tudo bem com as ovelhas?
– Tudo… mas uma delas sumiu.
– Sumiu como?! – Guardador arregalou os olhos para ela.
– Quando eu fiz a contagem, vi que faltava uma – respondeu Sopro do Céu. – Contei várias vezes pra garantir. Não vi pra onde ela pode ter ido.
– Não viu?! – Guardador estende a mão para a porta aberta.
– Não, Guardador, não vi – Sopro do Céu responde com voz irritada. – Olhei os montes mais próximos, olhei os caminhos, mas tinha que trazer as outras ovelhas de volta. Se uma ovelha resolve se afastar do bando e vai longe, enquanto estou tentando vigiar as outras e ainda debulhando milho enquanto faço isso, você quer que eu veja com os olhos que tenho atrás da cabeça?
Guardador respirou fundo antes de fazer outra pergunta. – Ela pode ter ido pelo caminho dos vales? Talvez por aquele que vai até a estrada de Círculo de Montes…
– Eu fui até o começo dos vales, se ela tivesse ido por lá eu teria visto. Só se caiu em um buraco nas pedras. É difícil não ver um animal ou pessoa seguindo naquele caminho, então ela não pode ter ido tão longe em pouco tempo. E também olhei cada um dos outros caminhos, não vi ela à distância em nenhum deles. E também olhei cada pasto que é de costume, e até subi a colina perto da floresta, não vi nenhum animal se mexendo à distância por todo lado onde olhei. Eu procurei ela antes de voltar, Guardador.
Ele agora estava com as mãos na cintura, olhando desanimado para a porta.
– Eu vou procurar a ovelha.
– Coma alguma coisa antes de sair, pelo menos. Ela não pode estar tão longe. Com certeza entrou em alguma fenda ou caiu em um buraco.
Lavaram o rosto e as mãos e sentaram para comer. Depois de um tempo, Sopro do Céu disse mais: – Era a ovelha branca que você separou.
Guardador parou de comer, abriu a boca em descrédito e quase começou a falar. Mas parou e se conformou em continuar comendo. Deveria comer e sair apressado mas a esta altura já não sentia urgência. Comeu devagar, um tempo depois encheu a vasilha d’água amarrada à cintura, e saiu. Antes de seguir conferiu o pequeno cercado logo atrás da casa; estava em ordem e o pequeno rebanho de ovelhas descansava tranquilamente. Todas menos a que se perdeu.
Seguiu por uma trilha até um pasto próximo a poucos minutos de caminhada. Olhou ao redor, pensando: a direção da floresta seria uma possibilidade, mas Sopro do Céu disse que tinha subido na colina, que fica no caminho até lá, para olhar. Se ela não viu movimentação para aqueles lados provavelmente a ovelha não foi por lá.
Do lado oposto saíam outras pequenas trilhas que seguiam para outras áreas com pouco pasto, e poucas colinas. Essas áreas eram mais abertas, se Sopro esteve por lá e não viu movimentação era possível que a ovelha também não tivesse ido por lá. Mas como a tendência das ovelhas ao sumir era sempre irem por algum motivo a outro pasto, ficou pensando nisso. Mas levou em conta o relato de Sopro e resolveu que, se a ovelha tivesse seguido um desses caminhos, ela teria visto. Ela era muito boa em prestar atenção nesses detalhes.
Então virou sua atenção para o outro lado, que seguia para um pequeno vale com outros vales mais adiante. Essa parecia ser a opção mais provável; Sopro esteve na entrada dos vales para olhar, mas é justamente nessa parte onde uma ovelha pode passar mais despercebida. Considerou na sua cabeça que era mais provável ela ter seguido para um dos outros pastos – por que raios a ovelha iria pelo vale, e ainda por cima tão longe? – mas como nesse caso ela já teria sido encontrada, ou pelo menos é o que se espera, resolveu começar a procurar pelos vales.
Enquanto caminhava sob o sol forte foi pensando como isso seria mais fácil com uma montaria. Mas o único animal que tiveram pra isso, um burrico, já não estava mais com eles há tempos. Foi parte dos bens que ficaram com Firme na Terra, seu segundo filho. Isso já tinha sido há dez anos, pensou…
Andou ao longo do pequeno vale, observando cada fresta ou fenda e procurando sinais da ovelha, mas não encontrou nenhum. Agora já estava no final do vale, e a paisagem se abria à frente dele: mais vales, maiores e mais longos, se abriam à distância. A altura dos montes também ia ficando maior. Se a ovelha seguiu por este caminho e foi até aqui, pensou, teria pouco motivo para ir ainda mais adiante, longe do rebanho e da sensação de um lugar familiar; ademais, se ela tinha seguido mesmo por um dos vales maiores, deste ponto em diante a chance de encontrá-la era cada vez menor. Um dos vales maiores se abria a uma estrada que, com viagem de alguns dias, chegava a uma cidade.
Sentou-se à sombra, considerando esses pensamentos enquanto tomava um gole de água. Não ouviu nenhum animal até esse ponto; o vale em que estava ia ficando mais pedregoso conforme seguia, de pouco interesse pra uma ovelha. Nos vales adiante o terreno mudava e até haviam áreas com pasto, mas também com outros animais. Pensou novamente que a possibilidade dela ter seguido por ali era pouca, e novamente também que nesse caso a busca seria cada vez mais em vão. Então começou a fazer o caminho de volta para procurar em outro lugar.
Por algum motivo resolveu olhar na direção da floresta, mesmo com todas as chances contrárias. Andou até a colina com vista para a floresta. Logo depois de subir e olhar para a floresta, notou um homem caído entre as primeiras árvores da floresta, bem à vista. Desceu rápido na direção do homem, parecia estar parado. Quem deveria ser assim tão longe de uma das cidades? Como Sopro não o viu?
Quando chegou perto o estranho começou a se levantar, e olhou na direção dele, mas continuou sentado. Guardador achou que estivesse ferido e desmaiado mas quando viu ele levantando, passou a andar com menor urgência, meio desconfiado do estranho. Mas ele não parecia perigoso.
Quando Guardador chegou mais perto, o estranho ficou em pé e o saudou, com a palma da mão levantada: – Saudações. Você pode me ajudar?
– O que você faz aqui tão longe?
– Fui enviado para cá. Você mora aqui?
Enviado? Guardador pensou, deve ser um mensageiro da cidade além do vale.
– Você está procurando o caminho para Raízes de Pedra, não é? – falou para o mensageiro, movendo o braço na direção da cidade onde estivera mais cedo; enquanto fazia isso pensou qual seria o motivo do mensageiro estar ali, longe de estradas, ao invés de viajar entre as cidades usando as estradas…
– Você está precisando de ajuda, não? – perguntou o mensageiro, antes que Guardador continuasse a falar.
Guardador hesitou por um momento e disse: – Ah… sim. Eu estou procurando… uma ovelha perdida.
– Você acha que ela veio para esta floresta?
– Bom, eu já procurei nas terras ao redor… as ovelhas quase nunca vêm para este lado…
– Talvez a ovelha tenha se assustado por algum motivo e fugiu para cá.
Guardador pensou que talvez pudesse ter sido isso mesmo. Fazia sentido… talvez a ovelha tivesse seguido sozinha o caminho de um dos pastos, em espaço aberto… e talvez o grito de uma águia a tivesse afugentado. Isso já aconteceu outras vezes; às vezes águias, de vez em quando lobos, mas ele estava sempre com o rebanho e mantinha os animais juntos. Mas de qualquer forma…
– Sim… pode ter sido isso mesmo – começou a responder.
– Eu vi um pântano próximo daqui, perto da floresta – respondeu o mensageiro apontando a direção. – E se ela fugiu para lá?
Pântano? Realmente havia um pequeno pântano, vizinho à floresta, um pouco mais além. Não pensou antes nisso porque ficava muito fora dos caminhos que fazia, mas depois de ouvir começou a pensar que poderia ter acontecido isso mesmo. A ovelha fugiu na direção da floresta, mas ao invés de entrar fundo nela, no meio das árvores maiores, passou de largo pela borda da floresta, na direção do pântano. Sim…
– Eu ajudo você a encontrá-la.
Guardador agradeceu, e ambos começaram a andar. O mensageiro parecia ser uma pessoa confiável. E era bom ver alguém com disposição em ajudar, pra variar.
Seu pensamento variou entre imaginar o caminho da ovelha, passando pelas árvores, entrando no pântano; a discussão que teve mais cedo na cidade, e como teve que aceitar vender sua mercadoria por um valor mais baixo; e o aparecimento do mensageiro, que era completamente diferente dos habitantes da cidade. Talvez, pensou, ele fosse também fiel às tradições antigas?
– Veja, a ovelha poderia ter ido por ali? – o mensageiro apontou um braço de água que adentrava a floresta, passando pelo meio das árvores; pequenas poças de água, pouca coisa para se preocupar, apenas um início do terreno pantanoso que apareceria mais adiante no terreno já sem árvores do pântano aberto, bem mais perigoso para uma ovelha. Realmente essa parecia ser a rota mais provável, com certeza a ovelha passou por aqui.
Ambos começaram a andar pelo terreno empoçado com cuidado; por fim viram marcas, pegadas da ovelha, comprovando que realmente passara por ali. Guardador se apressou naquela direção, seguido de perto pelo mensageiro. Não precisaram ir muito longe para ver a ovelha, pisando desconsolada pelas águas paradas e lama grossa do pântano, que já marcavam de lama suas pernas até a altura do joelho. Parecia não saber que direção tomar, tentando pisar em um lugar mais firme que o lamaçal em que estava, mas não encontrando firmeza nos passos, para nenhum lado onde tentasse virar. Quando ouviu o barulho dos passos dos dois homens se aproximando, movendo a lama com passos ligeiros, baliu desconsolada. Mais um momento e já estava agora sob o cuidado de Guardador, que a acariciava devagar, movendo seu corpo com a mão na direção da margem mais próxima. A ovelha seguiu, agora balindo baixinho, aparentemente mais tranquila.
Ao chegar à margem Guardador examinou a ovelha por uns instantes. Fora as marcas de lama nas pernas, estava intacta. Sem machucado ou ferida. Então agradeceu a ajuda do mensageiro, que estava agora passando a mão na lã da ovelha.
– É um belo animal. Apto para um sacrifício.
– Era para isso mesmo que reservei esta ovelha – respondeu Guardador. Mas por que falou isso para um estranho? Mas o mensageiro parecia mesmo ser um seguidor das tradições, pensou. Quem mais pensaria na ovelha dessa forma? Os habitantes das cidades próximas só olhariam para ela pelo valor comercial da lã, branca e pura, a mais branca do rebanho. Ou pela carne. O mesmo tipo de comentário que seus filhos faziam… quando ainda viviam perto dele…
– Você vai sacrificar esta ovelha ao Criador? – perguntou o mensageiro.
Ele é de confiança, pensou Guardador.
– Sim. Perto da minha casa. No caminho de volta.
– Eu posso estar presente?
– Sim, claro.
Foram andando pelo caminho de volta. Guardador mantinha a ovelha próximo de si. O mensageiro acompanhava. Pensou que era a primeira pessoa em muito tempo que o acompanhava durante um sacrifício… nem Sopro do Céu costumava mais estar com ele nesse momento.
Chegaram ao local. Um pequeno altar de pedras no meio de um espaço aberto, a pouca distância de sua casa, visível um pouco mais adiante. Uma faca e algumas ferramentas e vasilhas já estavam próximas às pedras, como sempre preparadas.
Não falaram nada. O mensageiro ajudou Guardador a colocar a ovelha deitada em cima das pedras, onde obediente e calmamente deitou e esperou. O mensageiro ficou próximo ao altar mas não fez outro gesto; era o sacrifício de Guardador, não cabia a ele tomar mais atitudes.
Em silêncio o sacrifício foi feito. O fogo foi aceso; um fio de fumaça subia pelo céu sem brisa. Os dois homens permaneceram em silêncio, olhando para o alto, para a fumaça que subia. Em silêncio Guardador direcionou seus pensamentos para o Criador. Se sentia aliviado.
– Obrigado, meu amigo – disse Guardador, se voltando para o mensageiro. Este deu um passo em direção ao altar, ficando próximo deste mas sem tocá-lo. Olhou para ele por um momento enquanto respondia.
– Guardador, não se preocupe com seus filhos. Cada um deles terá sua própria jornada. A de alguns será mais difícil do que de outros, mas todos eles estão sendo cuidados.
Tendo dito isto, virou o rosto na direção da chama, esticou o braço por cima das labaredas, tocando a fumaça que subia, e então subiu, como se fosse junto com a fumaça, num piscar de olhos. Guardador estava de olhos abertos e viu mas demorou a entender o que tinha visto, de repente ficando sozinho em frente ao altar de pedras.
Ficou de boca aberta por um instante. Qual era o nome dele mesmo? Ele não tinha dito seu nome…
Mas ele veio da cidade, de uma das cidades além do vale? Não… ele não disse de onde tinha vindo…
Pensou, e quanto mais pensava mais a situação parecia um sonho. Desde quando ele iria confiar tão rápido num estranho que apareceu de repente nessa região? Mas ele era confiável… ele pareceu confiável desde o começo, mas por que? Nem disse seu nome…
Os pensamentos de Guardador agora davam voltas. O estranho não disse seu nome; não disse de onde veio — Guardador assumiu que tinha vindo de uma das cidades, mas por que? Porque tinha dito que tinha sido enviado! Como um mensageiro, tinha pensado Guardador, pois era isso que eles faziam, mensageiros eram enviados pelas estradas levando mensagens dos governantes ou dos grandes comerciantes das cidades. Mas ele não disse de qual cidade…
Não… o estranho perguntou se ele precisava de ajuda. E apenas respondeu que sim; por que não responderia? Ele era confiável, ele parecia confiável, parecia por que? Ele… apenas parecia. E assim foi ajudando, foi ele quem indicou o caminho, encontraram a ovelha… ele tinha o mesmo pensamento, Guardador não falou no sacrifício. O estranho sabia que era isso que ia fazer, mesmo sem nada ter sido dito, apenas sabia…
Guardador agora olhava para o céu acima. A fumaça já diminuíra; as cores do entardecer apareciam, o sol já descendo no céu.
Se sentiu grato, e disse isso ao Criador. Um mensageiro foi enviado e a mensagem foi entregue.
Chorei… espero ser uma pessoa confiável e sempre estar disposta a oferecer ajuda. E outras vezes ser como o guardador que mesmo em tantas dificuldades encontrou alguém confiável e aceitou ajuda!
Obrigada pelo texto…aqueceu muito meu coração ❤️
Amei.
Quanta sensibilidade…
Continue nos abençoando com suas produções, André!
Lindo texto meu amigo!
Que saibamos perceber a presença do Mensageiro nos guiando à restauração e à paz que só sua presença pode nos dar.🙏🏼